Recordações.
Hoje, 19 de Maio, pelas 2340 horas, fará 43 anos que, quando o navio onde eu cumpria a minha comissão de serviço em África navegava em ocultação total de luzes e em postos de combate/bordadas, e o meu comandante estava na ponte alta com o comandante dos comandos africanos que levávamos a bordo, fui/ fomos atacados por bombordo no rio Cacheu, na Guiné, hoje Guiné-Bissau. Como outros, que estávamos no exterior do navio, tive muita sorte. Imensa sorte. E tiveram muita sorte, felizmente e sobretudo, o artilheiro e o municiador da peça de vante perto da qual rebentou o projéctil inimigo. Como sorte teve o marinheiro que no pavimento inferior descansava na sua cama, a qual foi atravessada por parte de um projéctil sem o atingir nas pernas. Agostinho, chamava-se.
Estava uma noite de espectacular luar. O que então sucedeu foi um dos muitos acontecimentos de guerra que se seguiram ao assassinato de Amílcar Cabral.
Lamentavelmente morreu um comando africano, junto a quem rebentou o primeiro e único projéctil/ granada lançado pelos então guerrilheiros do PAIGC. Houve feridos, um incêndio, e o navio teve danos vários, inclusive um rombo abaixo da linha de água.
Passadas semanas, um relatório da PIDE/DGS, confirmou a morte de todo o grupo de guerrilheiros atacantes.
Não era de esperar o contrário, pois tinham que infiltrar-se pelas densas árvores junto ao rio e, ainda que sem serem vistos de bordo, a reação de fogo do navio e de todo o pessoal armado que estava no exterior do navio e portanto fora do seu ambiente terrestre natural, e que terá durado para aí um minuto no máximo, varreu com aço, literalmente, toda a zona. Como se viu no local, na manhã seguinte ao ataque, havia uma zona enorme quase circular de árvores zurzidas, sem folhagem, sem ramos mais pequenos, sem casca. Tudo branco. O tempo voa, 43 anos!
Eu não esqueço. Recordo, com emoção, todos os que estavam comigo naquela altura, e não vejo há décadas. Recordo, também, todos os que connosco conviveram naquelas paragens Africanas, de 29 de Outubro de 1971 a 28 de Julho de 1973. Muitos dos que conheci e com quem ao longo dos anos se partilharam experiências, estão felizmente ainda vivos.
Andam para aí muitos que não esquecem nada, porque quase nada ou mesmo nada sabem.
Mas sobretudo não sabem respeitar.
Não respeitam os que, como eu, andaram na guerra e que, felizmente, regressaram quase sem sequelas.
Mas acima de tudo não respeitam os milhares de portugueses que regressaram de África com sequelas, e os familiares dos que tombaram pela Pátria.
Esquecem além disso, o que a Constituição da República Portuguesa (CRP) estabelece, e o que está em letra de lei na legislação que enquadra a Defesa Nacional e a sua componente militar.
Dever de tutela, respeito pela lei, verticalidade, honestidade intelectual, respeito pela história do País, estes e outros valores são lixo para a “gentinha” que desgraça o País, há anos seguidos.
António Cabral (AC)
Estava uma noite de espectacular luar. O que então sucedeu foi um dos muitos acontecimentos de guerra que se seguiram ao assassinato de Amílcar Cabral.
Lamentavelmente morreu um comando africano, junto a quem rebentou o primeiro e único projéctil/ granada lançado pelos então guerrilheiros do PAIGC. Houve feridos, um incêndio, e o navio teve danos vários, inclusive um rombo abaixo da linha de água.
Passadas semanas, um relatório da PIDE/DGS, confirmou a morte de todo o grupo de guerrilheiros atacantes.
Não era de esperar o contrário, pois tinham que infiltrar-se pelas densas árvores junto ao rio e, ainda que sem serem vistos de bordo, a reação de fogo do navio e de todo o pessoal armado que estava no exterior do navio e portanto fora do seu ambiente terrestre natural, e que terá durado para aí um minuto no máximo, varreu com aço, literalmente, toda a zona. Como se viu no local, na manhã seguinte ao ataque, havia uma zona enorme quase circular de árvores zurzidas, sem folhagem, sem ramos mais pequenos, sem casca. Tudo branco. O tempo voa, 43 anos!
Eu não esqueço. Recordo, com emoção, todos os que estavam comigo naquela altura, e não vejo há décadas. Recordo, também, todos os que connosco conviveram naquelas paragens Africanas, de 29 de Outubro de 1971 a 28 de Julho de 1973. Muitos dos que conheci e com quem ao longo dos anos se partilharam experiências, estão felizmente ainda vivos.
Andam para aí muitos que não esquecem nada, porque quase nada ou mesmo nada sabem.
Mas sobretudo não sabem respeitar.
Não respeitam os que, como eu, andaram na guerra e que, felizmente, regressaram quase sem sequelas.
Mas acima de tudo não respeitam os milhares de portugueses que regressaram de África com sequelas, e os familiares dos que tombaram pela Pátria.
Esquecem além disso, o que a Constituição da República Portuguesa (CRP) estabelece, e o que está em letra de lei na legislação que enquadra a Defesa Nacional e a sua componente militar.
Dever de tutela, respeito pela lei, verticalidade, honestidade intelectual, respeito pela história do País, estes e outros valores são lixo para a “gentinha” que desgraça o País, há anos seguidos.
António Cabral (AC)
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