sexta-feira, 13 de maio de 2016

Os órgãos de comunicação social, e particularmente os jornais.

Tenho dito e escrito, repetidamente, que uma sociedade nunca será equilibrada, decente, saudável, livre, sem OCS interventivos, que noticiem sem adjectivação, que tenham depois colunas de opinião, que investiguem.
Antes de 25 de Abril de 1974 havia censura, lápis azul.
No presente, não creio que exista lápis, materialmente. Mas não há censura? Seja de lápis azul, laranja, vermelho, azul, ou rosa? Cada vez tenho mais dúvidas.
E não me refiro ao recente caso do jornalista da RTP1 sobre o qual saltaram a pés juntos os puros e éticos da superioridade moral do PS. Os jornalistas não são casta à parte, são escrutináveis, são criticáveis. Mas certas reações desmascaram bem certos exaltados, certos esganiçados, certas esganiçadas.
É sabido que existem grupos dominando os OCS, com pouca transparência isto é, não é 100% dado a conhecer ao cidadão comum, quem de facto detém o quê, quem está por trás.
No que se refere aos jornais, vários desapareceram já.
Quando se olha para as tiragens, tempos houve de radiosos dias de SOL. Décadas atrás, o Expresso terá chegado a tiragens de 140000 exemplares, o DN um pouco abaixo (100 ou 110 mil) e o do Norte, o JN, teria tido tiragens talvez até superiores ao Expresso. Foi há 25 ou 30 anos?
E as exorbitâncias dos jornais ditos desportivos mas que, na realidade, quase só são sobre o futebol?
Os tempos mudaram.
Os estudiosos destas coisas avançam com justificações várias.
Todas certamente verdadeiras, embora a ponderação de cada um dos factores ou justificações seja porventura muito discutível.
Mas, com o passar dos tempos, com o desaparecimento de vários jornais, com o desprestigio de vários canais de televisão, estando a rádio em parte cativada também, e estando grupos económicos detentores de vários OCS, grupos que têm por trás muita gente ligada aos partidos e aos negócios e á promiscuidade que larva na nossa sociedade, o problema do emprego dos senhores jornalistas complicou-se.
Ao complicar-se, até porque a formação é capaz de em termos gerais não ser famosa, aumentou a superficialidade, a adjectivação de notícias, a auto-censura, a censura concreta de muitos factos e eventos, a subserviência, a má preparação, as caixas de ressonância, a gestão de agendas pessoais.
Pela minha parte, há muito que deixei de comprar o Expresso e o Público por sistema, coisa que fazia no passado. Ás vezes abro uma excepção. Raramente.
E não é por questão económica, pois essa despesa ainda posso suportar, mas a qualidade e tudo aquilo que acima apontei desgostaram-me bastante. Houve em tempos jornais de referência. Dizer isso, hoje, só por brincadeira ou tonteria.
Apercebo-me muito mais e melhor sobre o País, e o mundo, pela blogosfera navegando na Internet.
Quanto ás tiragens dos jornais, creio que números de 2014 indicavam, relativamente ao acima referido, quebras da ordem dos 50% para o Expresso, e muito superiores a 50% para DN, JN, Público.
O Correio da Manhã, no seu estilo próprio, creio que continua a aguentar-se. Mesmo os desportivos, penso que tiveram melhores dias.
Que panorama, portanto? MAU. A sociedade disso se ressente.
A esperança deve ser a última coisa a morrer. Aguardemos. Mas estamos numa fase muito má desta nossa democracia. Ou estou enganado?
AC
PS: já agora um aparte acerca da SIC; estou a exagerar ou aquilo já nem um tostão furado vale?

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