domingo, 10 de setembro de 2017

A entrevista, Azeredo Lopes, o MDN
Uma entrevista, seja nas TV, nos jornais ou na rádio, acontece pelo menos pelas seguintes razões:
> jornalista, atento ao momento na sociedade, procura protagonistas políticos ou gente tida como importante para conversar sobre assuntos de actualidade, ou que entende importantes;
> ou, aflito, sem temas, precisando de atingir objectivos, e verificando a queda continuada de vendas do OCS, tenta arranjar entrevistas;
> ou, os políticos e gentes que se consideram importantes e pertencendo ás chamadas elites (!!??!!), contactam os jornalistas para darem prova de vida. Ou, até, para através dessa entrevista, darem recados, ou darem mesmo pontapés nas barrigas dos que lhes estão abaixo (ainda que mantendo formalmente a confiança neles) e mesmo a quem está acima.
Deixo ao alto critério dos meus estimados leitores e amigos a classificação da entrevista que a seguir me refiro e comento.

Este senhor ministro, entrevistado por Anselmo Crespo para o DN, afirma que terá de haver um reforço dos mecanismos de vigilância e segurança e um sistema de inventário em tempo real.  
Repito eu, EM TEMPO REAL!! Curioso, não acham???
Será que temos aqui o rabo escondido com a pantera de fora?
Os sublinhados a negrito e a selecção de frases muito curiosas desta entrevista são da minha autoria. Salvo melhor opinião, o conjunto de afirmações que seleciono mostram bem o estado a que se chegou, evidenciam bem como nos querem continuar a tomar por tolos, e deixam claramente à vista que a cena de TANCOS é muito pior que uma ópera bufa como já vi designado por alguns. 
E quanto a nomeações/ escolhas de chefias militares, fácil é concluir que a coisa será cada vez mais problemática, sobretudo com a legislação aplicável e em vigor, legislação essa que foi criada (alterando a anterior porque lhes correu mal uma nomeação) pela dupla Cavaco Silva e Fernando Nogueira nos anos 90 do século passado, e que um tido como famoso comandante supremo das forças armadas aceitou lindamente. Adivinharam? Exactamente, foi esse.
Para mim, para quem perceba alguma coisa destes assuntos, fica em evidência o mau cheiro que exala disto. Mas está tudo muito bem.
Adicionalmente, atrevo-me a presumir que partes desta entrevista se constituem como, já não socos, mas verdadeiros pontapés na barriga e agora dados pelo ministro.  No ventre de quem? Exactamente, pelo menos nesse.
Seguem-se os trechos da entrevista para mim mais apetitosos!!!!, com comentários a azul.

......numa abordagem de maior fôlego.......varrimento mais inspetivo e menos estático ........
.......foi depois aclarada uma maior gravidade quanto aos sistemas LAW (Light Anti-Tank Weapon), que se considerou que esse era um facto agravante em relação à natureza do material...

Pergunta: Mísseis anti-carro, para quem não sabe...

Sim, mas isso é uma expressão demasiado espetacular, se me permite. Parece que estamos a falar de filmes do Rambo.  (portanto, para este senhor, os brutos dos portugueses não sabem inglês, e em português a coisa parece pior....)

............mas é importante que de agora em diante haja um conhecimento do material que entra, do que sai e que do que é alocado para determinada circunstância.  (mesmo para um simples cidadão, tipo a minha vizinha Celeste lá na aldeia, esta frase do MDN mostra bem o que pode ter sido a realidade de há anos......ou não?)

Pergunta: Esteve alguém dentro das instalações que não era suposto estar?

Não vá por aí, que eu não sei se esteve lá alguém. Sei que há um furo na cerca (nunca apareceu a fotografia) e que foi declarado o desaparecimento de material militar.  (mas será que ainda haverá quem não perceba o que pode estar por trás disto tudo??)
......Mantenho plenamente, mais concretamente no chefe do Estado-maior do Exército. Mas não tenho de manter confiança nas chefias porque não sou um super-chefe de Estado-maior do exército. 
(e digo eu, muito convenientemente, senão lá vinha o sarilho de ter de escolher outro, coisa que cada vez será pior com estes políticos que nos desgraçam há décadas)
.......Há aquela ideia de que aconteça o que acontecer, alguém vai ter de responder, leia-se ser demitido, ser inculpado, ser objeto de um processo disciplinar. (oh sr ministro, olhe que tem de doer...)

Pergunta: Foi o próprio Presidente da República que disse que se havia responsabilidades, tinha de haver responsáveis.

São coisas diferentes. O Presidente, e muito bem, tem insistido na necessidade de levar até ao fim a averiguação das responsabilidades. ...........Mas, não vou interpretar as palavras do Presidente, até pela natureza muito particular que ele é não só Presidente da República, mas também comandante supremo das forças armadas. ...................(mas somos todos tolos?)

Pergunta: Já nos falou do que poderá ser feito para a frente. Ainda não falou da questão das responsabilidades. Esta inspeção...

Se não falei ou me exprimi mal ou é porque estava distraído. Falei da avaliação das responsabilidades no plano criminal, falei na avaliação das responsabilidades que está a ser desencadeada pelo exército, como aliás foi noticiado já foram instaurados processos disciplinares ...............

Pergunta: A que patentes...?

Isso terá de perguntar ao exército. Como o exército entendeu não divulgar até ser exercido o princípio do contraditório, não serei eu a falar. (esta do até ser exercido o contraditório , tem mesmo graça); digo o que em tempos escrevi: alguns soldados, sargentos, furriéis, já fugiram com receio de virem a ser incriminados;)

Pergunta: Esta inspeção detectou o que de facto se passou de errado naqueles dias?

Não detectou nem tinha de detectar  .......... foi que fizesse uma análise num prazo de 60 dias, agora num plano mais macro, que permitisse olhar quer às infra-estruturas quer aos recursos humanos alocados, ......................(como diria o Sócrates, não interessa nada o que aconteceu, NÉ?)

Pergunta: Falou da separação de funções e de poderes, já falou do respeito pela gestão operacional, que não é consigo...

Não diga que não é comigo como eu eu tivesse a aligeirar carga.

Pergunta. Chegaram ao seu gabinete, alguns meses antes deste furto, pedidos de autorização de despesa para reparação da cerca e para substituição do circuito de vigilância vídeo interna do paiol. Não era suposto esses pedidos terem causado algum nível de alerta, se não em si, pelo menos em alguém do seu gabinete?

Não era. Posso repetir até à náusea o que já disse e posso mostrar os documentos para provar que não havia qualquer sinal de alerta nem qualquer advertência quanto a factos que justificassem...(é evidente que nunca mostrarão os documentos aos OCS, desde os pedidos do Exército, ao moroso tratamento no MDN, até chegar à secretária de Azeredo, e quando tempo levou a tomada de decisões)

Pergunta: Mesmo não havendo um alerta por parte das chefias militares, chegar ao gabinete do ministro um pedido de autorização de substituição de uma cerca de um dos paióis mais importantes do país, para a substituição de um sistema de vídeo que estava parado há meses. Isso não era suposto causar um nível de alerta no gabinete do ministro?

Explique-me porquê, que eu não estou a perceber. (a incomodidade parece evidente, ou não?)


Pergunta: Se um sistema de vigilância não está a funcionar é porque não...

O que é eu podia fazer? Ia lá colocá-lo eu? Não era autorizar a despesa, que foi o que eu fiz?
..............Ainda não foram retiradas. Está a ser estudado o processo de transferência .........

Pergunta: Mas está convencido de que houve furto?

..........não estou nem deixo de estar convencido, só sei que desapareceu. Tenho de presumir, por bom senso e porque não sou dado a teorias da conspiração, que desapareceu algures antes de 28 de junho quando eu tomei conhecimento. (e portanto, perante esta gritante afirmação de realidades, tudo como dantes, quartel-general em Abrantes,.....não é?)

Pergunta: Deixe-me recordar as palavras do Presidente, que esta semana se mostrou preocupado com o tempo que estava a demorar a apurar os factos e as responsabilidades no caso de Tancos. Concorda que está a demorar demasiado tempo? Entendeu isto como uma crítica também a si?

Não, até porque o Sr. Presidente a teria feito diretamente a mim. Estivemos em Tancos para ver não só paióis mas também o regimento de pára-quedistas. (esta conversa é só para "épater les Bourgeois")

Pergunta: Mas está a demorar muito tempo?

...........Acompanho as palavras do Sr. Presidente, nem há como não acompanhar. Enquanto não se avançar na investigação e não tivermos uma noção mais clara do que aconteceu, (não começa aqui a haver contradições com o antes afirmado?) vai pairar sempre aquela situação desagradável que há pouco referiam da impunidade, de não haver responsáveis...........


Bem, depois disto, para além do que aconteceu até agora, do que cada vez se mostra mais estranho, do retrato de degradação institucional e operacional na instituição em causa que tudo isto reflecte, sendo cada vez mais evidente que tudo se vai esconder pois caso contrário poder-se-ia chegar à conclusão do descalabro existente em certas áreas do Estado, parece cada vez mais evidente que nada será conhecido, por um lado por envolver coisas de elevada classificação de segurança e, por outro lado, por ser melhor continuar a não confessar as desgraçadas e vergonhosas realidades.
António Cabral (AC)

1 comentário:

  1. Mesmo depois de ter confirmado em várias fontes das redes sociais. Eu ainda não acredito que o teor da entrevista tenha sido mesmo esse.. É mau demais..

    Nem se pode dizer que estamos numa "República das Bananas". É muito pior..

    Este senhor nem para porteiro de Discoteca...

    E os "tropas" não dizem nada?
    Serão coniventes?
    Ao que nós chegamos...

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