A propósito de estrangulados
Os portugueses, excepto aquela pequena gentinha que exala superioridade, de uma ponta à outra do espectro político, e que muitos têm lá fora a sua pequena poupança de uma vida, sempre passaram dificuldades. Na história recente, das últimas quatro décadas, períodos houve em que os tentaram convencer que íamos sair da miséria crónica. Miséria social, financeira, cultural, etc.
Sempre aldrabados pelos mesmos, mudando apenas a camisola.
Sempre estrangulados.
Agora surgiu o messias e o seu acólito financeiro o qual, naquele seu típico sorriso (!!) decretou o virar da página da austeridade, o fim da austeridade. Acham-nos mesmo patetas.
Estrangulados iremos continuar, e daqui a um ano veremos o brilhante estado da coisa.
Estrangulados por estes que amanhã tomam posse, estrangulados pelos que cessam e têm a lata de enviar hoje à AR um dos reis da lata, apregoar que nunca disseram nem fizeram o que disseram e fizeram, e deixaram rolar.
Estrangulados pelas amplas liberdades daqueles que nada tiveram a ver com o 11 de Março, com o 25 de Novembro, com as bombas e assassinatos dos anos 70 e 80.
Estrangulados pelos que justamente acusaram alternadamente os que empregaram família no Estado, estrangulados pelos que agora metem familiares no Estado.
Lembro a propósito deste desgraçado País, aquela peça que vi há décadas em Londres, A Evita, na qual havia uma cena com as cadeiras, para representar o acesso de Peron ao poder. No palco havia uns quantos à volta das cadeiras, que eram menos (1) que os que andavam à sua volta. De repente procuravam sentar-se, claro que um ficava de pé, saia do palco. No fim ficou Peron.
Aqui em Portugal a dança das cadeiras é outra: há sempre mais cadeiras, e estão sempre a chegar cromos. Quando as cadeiras estão ocupadas, mais cadeiras se arranjam para que todos os cromos se sentem. Mas todos pelo bem público, por bem servir a sociedade.
Desgraçado país. Pena não saber onde anda a cegonha que aqui me largou!!
Estrangulados, como o Tejo, que se vê sob esta ponte, vindo de Espanha. Parece muita água, mas já vem poucochinho. Aliás, basta olhar à zona de Almourol para se ficar com melhor ideia. Nada que perturbe os governantes portugueses, há décadas.
Menos estrangulado o Erges, mas no Verão anda desgraçado.
AC
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