domingo, 22 de outubro de 2017

Para lá da cortina de fumo
jornalista MANUEL CARVALHO 14/08/2016 
"O que mais espanta no clamor que se ergueu com os fogos florestais não é a comoção nem a revolta; é mesmo o espanto. Um espanto que diz muito sobre PortugalO que mais espanta no clamor que se ergueu com os fogos florestais não é a comoção nem a revolta; é mesmo o espanto. Um espanto que diz muito sobre Portugal. O país modelo da falta de memória, o exemplo da incapacidade de aprender com erros próprios, o monumento à arte de viver de expedientes – seja o ouro do Brasil ou a amizade de um secretário de Estado –, o país que tem um banco público aflito instalado num edifício megalómano digno de Ceausescu, que adora o efémero vistoso e odeia o trabalho de fundo dos bastidores. A floresta arde descontroladamente porque, uma vez mais, nos preocupamos mais com o aparato dos Kamov do que com a limpeza das matas, nos entretemos mais com os “teatros de operações” do que com o esforço duro e silencioso de criar aceiros ou limpar caminhos rurais. Continuamos a ser como uma mulher de casaco de peles que enverga por baixo um reles vestido de chita. Espanto? O melhor é recordar o que Sá de Miranda escreveu, já há 500 anos: “Pasmado e duvidoso do que vi, m'espanto às vezes, outras m'avergonho”.

Os sublinhados/ bolds são da minha autoria.
Conhecendo alguma coisa da vida, como é o meu caso já com muitas décadas em cima, e ainda que muitos dos homens da minha profissão não acreditem quando digo que não me espanto há muitos anos, não me espanta de facto nada do que vem acontecendo no meu País, há muitas décadas. 
Muitos acham um tremendo exagero quando eu digo que a nossa sociedade está a desmoronar-se. 
Às vezes afirmo até que está muita coisa podre. "Estás muito azedo", é a frase que algumas vezes alguns amigos me endereçaram no meio do calor da sua amizade.
As negociatas que andam por aí, há décadas, não espantam. 
Basta conhecer, por exemplo os episódios ao longo dos últimos 6 anos respeitantes ao material que devia ser instalado junto de uma determinada antena.
Basta conhecer algumas pessoas, e o quanto ficam inchadas por usar boina e terem uns galões, e muitos microfones e câmaras de TV à frente da cara.  
Inchadas com o seu temporário poder funcional.
A soberba, a pesporrência, a ausência de vergonha na cara, não são monopólio do actual PM. 
Basta, entre outras coisas, apreciar os chutos de certos vaidosos incompetentes do interior até à capital.
O que o jornalista acima disse, há mais de um ano, continua ou não 100 % actual?
Eu digo SIM, e cada vez m' avergonho mais.
António Cabral  (AC)

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