A vida politiqueira, malabarista, e ludibriosa, que se continua a constatar em Portugal em todos os sectores e praticada pela maioria esmagadora dos actores é, pelo menos para mim, cada vez mais um nojo.
Como reafirmo há muitos anos, continuam sistematicamente a aldrabar, mentir, encobrir, e a querer branquear.
Existiu D.Afonso Henriques, nosso primeiro rei, a que se seguiram muitos outros ao longo dos séculos, terminando em DManuel II. Tivemos pelo meio, por exemplo, reis espanhóis.
Instituída a República, tivemos diferentes presidentes da República, diferentes primeiros ministros os quais, ao longo de décadas, se designavam presidentes do conselho.
Tivemos o 25 de Abril de 1974, o general Spínola como primeiro presidente da República, vários primeiros ministros e entre eles José Sócrates, e mais cinco presidentes a seguir a Spínola.
Vem isto a propósito do que ouvi durante o tempo em que me plantei em frente ao televisor, para observar boa parte do debate parlamentar sobre o OE 2015. Em síntese, a meu ver, lamentável, pelo documento proposto pelo governo e, para mim, pelas inqualificáveis justificações apresentadas em sua defesa. Inqualificável, igualmente, o que ouvi dos outros lados. Desgraçados de nós!
Tivemos os reis, presidentes da república, presidentes de conselho, primeiros ministros, etc, que a história regista. Os historiadores, em relação ao passado não vivido por nós, e ainda que com "nuances", defendem que uns foram bons, outros NIM, outros não. Os presidentes de conselho demoraram-se no poder muitas décadas. Portanto, podemos fazer distinções, e começar por fazer a listagem de todos. Depois, a graduação do que fizeram bem por Portugal ou no que nos estagnaram é sempre tema controverso, naturalmente. Mas a listagem dos nomes parece-me indesmentível.
Por outro lado, parece também indesmentível, por exemplo, a reconstrução de Lisboa após 1755, o grito do Ipiranga lá para os lados do Atlântico Sul, a expulsão dos jesuítas, a existência da PIDE/ DGS, a guerra em África, três bancarrotas nos últimos 40 anos.
Aqui chegado, e voltando ao que hoje foi saindo das inefáveis bocas em S.Bento, José Sócrates é um ex-primeiro ministro. Não deve ser esquecido, exerceu esse cargo. Mas foi no seu mandato que a Troika foi chamada.
E tal como hoje se passa com o escândalo BES, em que se mente aos portugueses de forma descarada escondendo tudo o que se passou aos mais diferentes e altos níveis antes da intervenção formal do BdP, afirmar que o ex-primeiro ministro resistiu o mais que pode contra a intervenção externa parece-me, no mínimo, de um ridículo a todos os títulos. E isto para não ser deselegante.
Então, quando em Abril de 2011 Teixeira dos Santos confessa que havia dinheiro só até Maio seguinte, o então PM queria fazer o quê e resistir a quê? Além disso, querem fazer crer aos cidadãos que o terrível memorandum foi redigido num ápice. NÃO, houve muitas conversas e, depois, muitas negociações, e numa fase em que já se disse alguma coisa aos portugueses, PSD e CDS também lá andaram. Creio até que, na ponta final, todos os partidos com assento na AR foram informados do que se passava. Queria resistir a quê?
Não têm mesmo vergonha na cara. Então o dinheiro acabou porquê? Por causa do PCP, BE, CDS, PSD? Por causa dos militares, ou dos juízes, ou dos funcionários públicos, ou das igrejas? Foi culpa das políticas de José Sócrates.
TENHAM VERGONHA.
Mas, infelizmente, estas técnicas de branqueamento, entram nos ouvidos de milhares de concidadãos. Como não tomam vitaminas para a memória, a lavagem resulta.
Desgraçado País, desgraçados cidadãos.
AC