É sempre "delicioso" verificar a continuada ausência de rigor quando se apontam comportamentos. Sejam de pessoas, instituições, países.
Neste caso que agora me leva a escrever umas linhas quero referir-me a pessoas quando escrevem sobre países, ao apontar-se sobre o que têm feito certos países ao longo do tempo, e designadamente desde 1945.
E quero referir-me ao deturpar, ao esquecimento, ao deliberadamente esconder, que certas pessoas insistem em levar a cabo, cegos pelo seu sectarismo ideológico.
Alguns perguntam, para comparar, o que fizeram desde 1945 os EUA e a China (nas mãos de Mao desde 1949).
Devo presumir que gostariam de viver na democracia Chinesa?
Eu não.
Prefiro viver aqui, no nosso actual regime, com a nossa Constituição, mas não me importaria de viver, por exemplo, na Holanda, Dinamarca, Noruega, França, Canadá, Austrália, Nova Zelândia.
China, Índia (um dos países de maior racismo, e injustiças e violência sobre as mulheres), Irão (um esgoto de ultraje constante às mulheres), Coreias, Egipto, países árabes, países muçulmanos, África, América Central e do Sul, EUA, Rússia, passo, todos.
Respeito, sempre, a opinião de outrem, mas não me venham com cantigas de embalar.
Eu procuro olhar a tudo.
Se me engano, se me esqueço, emendo, reconheço, como o grande matemático Bento de Jesus Caraça.
Sei muito pouco destas coisas, mas tenho umas noções vagas.
Começo pelos EUA.
Têm bases um pouco por todo o lado.
Começo por referir que apesar de recente decisão do Reino Unido entregando/ devolvendo na zona do Índico uma série de territórios, mantêm nomeadamente Diego Garcia, onde os EUA têm uma muito importante base, estratégica, para controlo do Índico e não só.
Têm muito importantes bases na Alemanha, na Islândia, na Turquia, no Japão. Têm várias bases no Médio Oriente. Etc.
Os EUA atacaram o Panamá, Granada, Camboja, Laos, Vietname do Sul, intervieram em vários países na América Central e do Sul, nas Antilhas. Têm Guantanamo.
Intervieram no Norte de África, no Líbano, Iraque, Síria.
Têm forças navais permanentes no, Mar Vermelho, Índico, Atlântico, Pacífico, Mediterrâneo.
Creio que longe do que tem feito a Rússia, também têm no seu "registo" acções de eliminação de "incómodos" (??), intervenções em vários países para os desestabilizar politicamente, como já referi por exemplo na América do Sul, mas também Katanga, Ucrânia, Pérsia etc.
Há quem tenha os EUA como um anjinho. Eu não.
Vamos à China.
A China interveio militarmente, ao lado da Coreia do Norte, no Vietname então do Sul, e passou a interferir indirectamente em todo o Sudeste Asiático. Quase não tem bases fora do seu território.
Mas tem anexado pequenas ilhotas no mar da China, começou a ter presença há muitas décadas em África, na Tanzânia, com a construção de um célebre caminho de ferro, e está presente em outros países africanos. A divida de Angola à China é exemplo disto.
Mais deploravelmente exerce cada vez maior pressão militar / cerco a Taiwan. Por vários motivos mas, também, muito pelo potencial da ilha no plano comercial e tecnológico.
Há quem tenha a China como um anjinho. Eu não.
Vamos à Rússia, sem esquecer a URSS.
O que tem feito a Rússia em todo o sítio que antes era URSS é sabido.
E na Ásia e África e no Médio Oriente é igualmente conhecido, talvez não chegando à maioria das pessoas.
Aliás é o mesmo que se verifica com as outras potências.
Intervenções em vários países para os desestabilizar politicamente.
Acrescem os envenenamentos, raptos, desaparecimentos definitivos de pessoas por esse mundo fora, sempre promovidos a bem dos líderes moscovitas, e de Putin desde 2000.
Tem algumas bases no exterior do território, por exemplo na Síria.
Há quem tenha a Rússia como um anjinho. Eu não.
Vamos à França.
A França, tal como os EUA e o Reino Unido, também usou durante vários anos certas possessões / ilhotas/ atol para experiências nucleares.
A França sempre vendeu armamento quando outros não o faziam para certos clientes.
Um dos casos do passado é exatamente o nosso país, Portugal.
A guerra em África ia avançada e foi a França quem nos forneceu/ vendeu submarinos e fragatas na década de sessenta do século passado.
Muita gente por esse mundo fora tem admiração por França, por exemplo por François Mitterrand, e a maioria desconhece o que foi mandado fazer na Oceania. Coisas feias!
A França ainda hoje tem possessões várias, além das dores de cabeça que lhe chegam, por exemplo, da Córsega.
Há quem tenha a França como um anjinho. Eu não.
Vamos ao Reino Unido.
O Reino Unido há muito que deixou de ser uma potência marítima, e naval. Acabou em 1945.
Mas ainda manteve algum poder naval.
Tem possessões em vários lados.
Tem por exemplo Diego Garcia como referi acima no parágrafo relativo aos EUA.
O Reino Unido tem sempre sido a grande ponta de lança dos EUA.
Quando a Argentina quis ficar com as Falkland/ Malvinas, a então PM obteve do seu amigo americano um grande apoio militar que foi decisivo no sucesso dessa batalha. Como obteve também nessa altura facilidades para infiltrar elementos especiais através do Chile.
Está empenhado militarmente no Mar vermelho por exemplo, coadjuvando as forças navais dos EUA.
Há quem tenha o Reino Unido como um anjinho. Eu não.
E a Antártida?
Com uma vasta rede de representações de muitos países? Certamente só pesquisas científicas.
E a navegação no Ártico com crescente emprego de quebra-gelos Russos e não só?
E quem se lembra,
Do desastre de avião que matou Samora Machel?
Do desastre de avião que matou o (para alguns países) incómodo secretário-geral da ONU Dag Hammarskjöld?
Dos envenenamentos com polónio em Londres?
De Lumumba e do seu fim trágico?
Das fotografias de Estaline com outros, antes e depois de recortadas?
Cada um a seu modo e consoante as suas forças e as oportunidades, EUA, Rússia, China, França, Reino Unido, venha o diabo e escolha.
Diferenças abissais de regime existem nestas potências, mas venha o diabo e escolha.
Cada um com um cadastro . . . . .
Basta começar em 1900.
AC