"EU CONHEÇO o meu PAÍS,..... "Mais bem dito, conheço mais profundamente a parte Continental do País, e menos as ilhas dos Açores, Madeira e Porto Santo. Nunca estive nas Selvagens nem nas Desertas. Conheço mal a Graciosa e as Flores. A Porto Santo não vou desde 1980. Não vou ás Berlengas desde 1967.
Com quatro anos e pouco o meu carro caminha para os 150 000,00 Km, passados em vias diversas e diferentes deste rectângulo à beira mar plantado, a saber, AE, IPs, ICs, nacionais, municipais, caminhos de terra batida. Conheço, portanto, um pouco mais que poucochinho disto e das suas gentes, pois procuro falar nas aldeias, nas vilas pequenas, onde caminho, observo, e fotografo.
Aprendi há muitas décadas, na minha profissão, que na avaliação de recursos humanos quando semestralmente ou anualmente analisamos subordinados, a boa regra geral é enunciar e listar as características positivas e valorizá-las e, em segundo lugar, chamar à atenção para o que possa não ter corrido bem no período da avaliação, salientar o que é necessário corrigir. Não escorraçar, incentivar.
Esta regra deve aplicar-se, considero eu, a tudo na vida, puxar pelo bom do País, das famílias, da sociedade, das instituições, mas não esquecer de salientar o que não corre bem, o que precisa de ser alterado, sob pena da sociedade se degradar se isso não for apontado e, com isso, a vida das pessoas gradualmente piorar.
Vem isto a propósito, naturalmente, do presente que vivemos.
Naturalmente, como em todo o lado, existem e existirão sempre, pessoas que só sabem salientar o bom e o lindo (Sol, praias, generosidade). Existem e existirão também certas pessoas que não têm o cartão partidário mas estão sempre na órbita partidária até ás vezes em governos e porque usufruem de muitas sinecuras à conta da sua cor preferida periodicamente exaltam ou a ministra da saúde ou o da educação, ou o PM, ou, ou, ou, esquecendo-se de salientar o que se lhes pode também apontar de menos bom ou mesmo mau.
E existem pessoas que se entretêm apenas a dizer mal de tudo sobretudo se não for do agrado à sua cor.
Mas também existem muitas pessoas que sabem reconhecer o que é bom e está bem independentemente de cores e ideologias e de governos, mas não se esquecem de salientar o que precisa de ser melhorado.
Incluo-me nesta última lista, e não me coíbo de criticar sempre que me parece justo, apontando o que me parece errado, mau; nem me coíbo de aplaudir o que deve ser aplaudido, independentemente de cores e ideologias e poderes instalados.
E tenho sempre presente que ninguém está acima da lei nem do escrutínio público, nem do escrutínio democrático.
E tenho sempre presente que somos todos da mesma massa.
Mas não somos todos iguais.
Pois não saímos todos da mesma fôrma.
O que é imprescindível é sermos iguais perante a Lei, iguais no acesso a oportunidades, iguais nos deveres para com os nossos e para com a sociedade, e iguais nos direitos, direitos que devem vir sempre depois dos deveres.
Que mais não fosse até por ordem alfabética.
Mas neste desgraçado Portugal, como já antes do 25 de Abril, grita-se sempre por direitos, como se tudo caísse do Céu.
Um dos maiores exemplos de melhoria verificada na sociedade portuguesa depois do 25ABR74, como é sabido, e a que aqui no blogue por várias vezes fiz referência, é a evolução positiva na taxa de mortalidade infantil. Era trágica, agora estamos entre os melhores do mundo.
É sabido que temos vários nichos de excelência, na tecnologia, nos texteis, na indústria dos moldes, no calçado, no software, na energia, na engenharia, na área da saúde.
Temos teoricamente excelência nas eólicas mas, parece, o custo desta energia versus proveito é muito discutível e, parece, a energia produzida para a rede está imensamente longe daquilo que teoricamente anunciavam. O que parece certo é a engorda financeira dos do costume. Quanto às barragens........ao plano Sócrates............
E aqui está um exemplo acerca do qual os comentadores encartados com ou sem laço sempre se esquecem de referir com minúcia e denunciando os escândalos associados, o escandaloso das rendas e toda a tramóia engendrada no tempo de Sócrates por gentinha bem conhecida.
E, portanto, em Portugal há muita coisa que me enche o coração, a alma, que me orgulha enquanto português. Eu também assim sinto e penso.
Mas referir só isto não chega.
E a sociedade portuguesa está muito enferma, e nada tem a ver com a COVID. Vem muito lá de trás.
Eu conheço razoavelmente o meu país.
Estou a lembrar-me por exemplo da fantástica e enorme empresa de moldes que visitei em 2002 exportando para Mercedes, Audi, BMW, etc. E continua a laborar e bem. Um exemplo entre outras coisas boas.
Mas estou a lembrar-me também das aldeias desertas na Beira Baixa, no topo Norte do Minho e Trás-os-Montes.
Estou a lembrar-me por exemplo da pensão de uma idosa fixada na quantia de 361,92 € em 2011 na sequência do falecimento do marido.
Estou a lembrar-se da mulher que passado mais de dois anos foi finalmente operada ás amígdalas evitando assim ter de apanhar ás vezes injecções de penicilina.
Estou a lembrar-de por exemplo de decisões e mescambilhas em Castelo Branco, em Setúbal, e etc.
Podia continuar por muitas páginas, com coisas boas, várias, e outras que não o são e existem, e persistem. Várias.
Eu conheço alguma coisa do meu País e não é nada poucochinho. Conheço alguma coisa de máquina do Estado, uma parte decorrente da profissão e uma parte ainda maior pelas relações pessoais e familiares.
Conheço alguma coisa de certos agentes do Estado, de várias autarquias, e como foram sendo feitas algumas coisas.
E como continuam a ser feitas, com o maior descaramento e na maior impunidade. Fico por aqui.
AC